V – É ASSIM QUE AS COISAS…

Os animais são meus amigos… e eu não consumo os meus amigos.  Isso é terrível! Não só devido ao sofrimento e à morte dos animais, […]

amigodohomemOs animais são meus amigos… e eu não consumo os meus amigos.  Isso é terrível! Não só devido ao sofrimento e à morte dos animais, mas também devido ao fato de o homem se privar da mais elevada capacidade espiritual, que é a de sentir simpatia e compaixão por todos os seres vivos, violentando seus próprios sentimentos e se tornando cruel.

George Bernard Shaw

Lembro muito bem. Por volta dos seis anos de idade, tive um momento de intensa dor e mal-estar ao pensar que a carne que comíamos exigia o sacrifício animais. E a resposta enfática dos adultos: não, a gente não podia viver sem comer carne; iria enfraquecer e morrer.

Foi um triste momento, o de ter que soterrar minha dor e compaixão naquela sentença irremovível. Recordo a “acomodação” forçada que me obriguei a fazer, tentando “esquecer” a dor e o peso na consciência, mas me sentindo muito mal.

Relato isso com um objetivo: testemunhar esse movimento que ocorre no interior da consciência das criaturas, quando têm que conciliar sua sensibilidade e compaixão pelos animais com o irraigado hábito do carnivorismo. Tentar “esquecer” o que se passa na realidade é a única forma de calar a dor da consciência. Mas se temos coragem de fazer, temos que ter coragem de olhar o que fazemos.
paz e amor bicho-10.jpg.thumbO animal sente. Não apenas sente dor, mas tem sentimentos. Quando um boi, porco ou ovelha marcha para a execução, eles pressentem o que vai ocorrer.
Nós temos hoje a bênção da anestesia até para restaurar um dente. Os infelizes bovinos são marcados a sangue frio com ferro em brasa, tratados com brutalidade, apanham com frequência, e muitas vezes sofrem fome. Para morrer, ao ingressar no brete sinistro – quando se rebelam, recebem choques elétricos nas partes sensíveis – são contemplados com um disparo de pistola de ar comprimido na testa que deixa o animal desacordado por “alguns minutos”.
Depois ele é erguido por uma pata trazeira, e cortam sua garganta com um cutelo.
“O animal tem que ser sangrado vivo, para que o sangue seja bomboado para fora do corpo, evitando a proliferação dos microorganismos, diz um fiscal. Em 1997, a ativista dos direitos dos animais a americana Gail Eisnitz escreveu o livro Slaughterhouse (“Matadouro”, inédito no Brasil) no qual acusava os matadouros de sangrar muitos animais ainda conscientes. O abate a marretadas está proibido no Brasil, o que não quer dizer que não aconteça – já que quase 50% dos abates são clandestinos. O problema da marretada é que não é fácil acertar o boi com o primeiro golpe. Muitas vezes, são necessários dezenas para desacordá-lo”. (Superinteressante, abril/2002, p.48) Se é que isso acontece completamente. E quando são esfaqueados, não sentem?
Já os porcos, “são confinados do nascimento ao abate, diz o agrônomo Luis Carlos Pinheiro Machado Filho, da UFSC. As gestantes são forçadas a parir atadas a uma fivela, apertadas na baia. O abate é parecido com o de bovinos, com a diferença de que o atordoamento é feito com um choque elétrico na cabeça e que o animal é jogado num tanque de àgua fervendo após o sangramento, para facilitar a retirada da pele. Gail Eisnitz afirma, em seu livro, que muitos porcos caem na água fervendo ainda vivos” (Superinteressante,idem, ibidem).
Outros seres indefesos, moluscos, crustáceos, polvos e lulas são jogados vivos nas panelas em ebulição para retornarem depois, com apelidos requintados, para atender à gula humana. Galinhas perus são degolados sumariamente nos quintais, ou guilhotinados em massa nos aviários e criadouros.
As infelizes galinhas de postura são confinadas em gaiolas exíguas, mal podendo mexer-se, para não “desperdiçar energia”,entupidas de antibióticos para não “adoecer” e de anabolizantes para crescer mais rápido. Têm bicos cortados para não matem umas às outras, nem possam escolher partes da ração.
As luzes nesse locais jamais se apagam, para que elas, desesperadas pelo stress, não cessem de comer e durmam pouco, produzindo mais e mais. Prisioneiros de guerra nessas condições nos despertariam revolta. Mas elas não falam. Entretanto, seu desespero e angústia impregnam a carne e os ovos – ou você pensa que as nergias astrais do animal são destruidas pelo cozimento? E ninguém associa a depressão e síndrome do pânico de nosso tempo com nada disso. Mas os espiritualistas dizem que acreditam e corpo astral.
Os humanos requintam na crueldade com os irmãos menores. Adoecem os pobres gansos, enfiando um funil em sua garganta e literalmente entupindo-os de comida, hipertrofiando-lhes o fígado, até que mal possam se arrastar pelo chão, para produzir o patê de foigras. Submetem os pobres suinos ao regime de ceva forçado em chiqueiros imundos. E criam os mais inocentes e indefesos animais para sacrificar depois sem piedade.

“Quantas vezes, enquanto o cabrito doméstico lambe as mãos do seu senhor, a quem se afinizara inocentemente, recebe o infeliz animal a facada traiçoeira nas entranhas, apenas porque é véspera do Natal de Jesus.”
Ramatís – Fisiologia da alma

paz e amor bicho-11.jpg.thumbSim, sim, claro: você, pessoa sensível, incapaz de maltratar um animal, jamais suportaria assistir, que dirá protagonizar, a matança de um boi, porco, ovelha ou ave. Entretanto, é a demanda de carne, por parte de materialista e espiritualistas, que sustenta e expande essas carnificínas diárias que cobrem o planeta de rios de sangue inocente. Os carnívoros são os “acionistas ideológicos” da indústria da tortura e da morte.

Se as pessoas tivessem que matar, com suas próprias mãos, o animal que fossem consumir. É óbvio que se reduziria drásticamente o carnivorismo. Não o fazendo, passam procuração para os outros, que se brutalizam no ofício da morte. Mas é a mesma a resposabilidade do mandante e do executor.

Pense nisso. Não se violente tentando “esquecer” o que aquilo realmente é; não cale o protesto de sua sensibilidade, fingindo ignorar que é a porção de um ser vivo, que lhe foi arrancada com dor e crueldade. Não renuncie ao nível humano de seu ser.
Mas – dirá você – isso acontece há milênios. Não é possível que só agora passe a ser um crime e uma crueldade!
Mas a guerra, a tortura, a escravidão, a perseguição religiosa e racial – tudo isso também é milenar, não? Porém só agora – quando nossa consciência coletiva se sensibilizou o suficiente, isso passou a nos ser inadmissível!
Então a humanidade inteira está diariamente cometendo uma chacina – e ninguém diz nada?
Está. Por que você acha que este mundo ainda é o que é?

A mesma crueldade insensível que leva as criaturas a mandarem outras para morrer ou serem mutiladas nos campos de batalha é a que autoriza a morte à distância dos animais inocentes: é a mesma inconsciência.
Felizmente há os que estão acordando, e cada vez em maior número.
”Não em nosso nome”, gritam multidões em protesto contra a guerra insana.
É isso que se requer para mudar o mundo: não em nosso nome, declararmos, se querem matar, torturar e maltratar qualquer ser vivo.
Mas adianta eu parar de comer carne? O resto do mundo vai continuar, Não vai mudar nada …
Não? Pense em quantos restaurantes vegetarianos existiam há 40 anos.
Quantos livro ou cursos de culinária vegetariana. E quantas pessoas você conhecia que eram vegetarianos. E pense em tudo isso hoje. E na quantidade enorme de animais que já não estão sendo consumidos. Faz diferença, sim. No mundo inteiro há um número crescente de pessoas acordando, e estendendo essa influência: família, amigos, colegas. Cada energia plantada na vibração do vegetarianismo é um pilar que fortalece essa ponte de inofensividade e paz que um dia há de conduzir a humanidade para um mundo sem sangue e sem guerras. O mundo que nós precisamos construir – não apenas sonhar – com nossas atitudes.

“Os corações integralmente bondosos e piedosos não só evitam matar o animal ou ave,como ainda não têm coragem de devorar-lhes as entranhas sob os temperos de cebola, sal e pimenta… Aqueles que fogem na hora cruel de massacre do irmão bem demonstram compreender a perversidade do ato e o reconhecem como injusto e bárbaro. É óbvio que, se depois o devoram cozido ou assado, ainda maior se lhes torna a culpa, porque o mesmo ato que condenam fica justificado na hora famélica da ingestão dos restos mortais do animal.”

Ramatís – Fisiologia da Alma

 

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