PLANEJAMENTO PERMACULTURA

Clima e microclima Como já vimos o planeta esta se adequando quanto as suas necessidades climáticas assim, mais do que nunca precisamos analisar as questões […]

planejamento-permaculturalClima e microclima
Como já vimos o planeta esta se adequando quanto as suas necessidades climáticas assim, mais do que nunca precisamos analisar as questões climáticas para elaborar nossos projetos. O clima é um fator muito importante e pode ser limitador para diversidade em um ambiente.Cada região tem seus climas característicos predominantes, (secos, temperados, subtropical, úmido tropical, etc), mesmo assim podemos observar os microclimas. Estes estão relacionados a topografia, vegetação, tipos de solos entre outros. Uma estrutura bem posicionada pode criar um microclima favorável a determinadas plantas e climatização natural para ambientes internos.

No Brasil existem vários biomas e ecossistemas com característica peculiares, isso nos motiva cada vês mais a pensar na questão de trabalhar microclima e aperfeiçoar pequenos espaços. Devemos analisar a constância e velocidade dos ventos, a umidade relativa do ar devido, influência de um rio.
Os microclimas variam em propriedades vizinhas, por isso devemos observá-los a fim de posicionar melhor qualquer estrutura de que iremos necessitar. Também esta observação nos permitirá melhores plantios e colheitas mais fartas. Uma casa em região fria deve ser construída de maneira que o sol aqueça esta a maior parte do dia. Árvores que servem como quebra ventos podem também direcionar este para locais em que desejamos mais ventilação natural.

Solo

No sistema permacultural os solos são vistos como fator positivo e não limitante, em algumas regiões as metodologias aplicadas quanto ao manejo e uso de solo com técnicas da permacultura provaram ser ótimos para recuperar, melhorar e utilizar de forma mais sustentável tal recurso. Em zoneamento veremos que a zona I é selecionada com base em informações sobre o solo, para tal devemos construir a casa e colocar os elementos ligados diretamente a esta onde tiver o melhor solo do sitio, com isso o trabalho será adiantado e os resultados serão mais rápidos. As culturas e intensidade de uso do solo antes de nossa chegada também são informações muito importantes para nos auxiliar no planejamento. Um solo “limpo” ou que tenha sido durante muito tempo queimado necessita de cuidados especiais. Tal local é facilmente degradado pelo vento ou escorrimento superficial. No sistema permacultural três enfoques principais quanto às questões de uso do solo, isso interfere nas relações de perda deste.
* Plantar florestas e arbustos com fins de reflorestamento – estas áreas depois poderão se tornar produtivas em alimentos se praticados métodos de Agroflorestas;
* Utilizar sistemas de arados que não revirem o solo – nestes casos, animais podem ser utilizados, pois, além de arar estes também auxiliam na fertilização;
* Estimular a biodiversidade no solo e cobertura morta – as minhocas são ótimas para arejar solos compactados.
É preciso entender que algumas plantas que chamamos de invasoras estão preparando solos degradados para que outras espécies possam se fixar – sucessão ecológica. Os níveis que caracterizam um solo de qualidade dizem respeito à umidade, oxigênio, nutrientes e matéria orgânica. Ao pensarmos em reabilitação de solos devemos obserar alguns passos intervenções;
Conter, evitar e corrigir erosão, corrigir e controlar os escorrimentos superficiais;
Adicionar matéria orgânica ao solo com plantio de coberturas e adubação verde;
Promover a aeração da terra compactada – para tal em determinadas situações utilizar maquinas em processos inicias;
Corrigir solos e regular o pH através de plantas especificas, melhor que mudar o pH – solos ácidos (carvão, cal, gesso, magnesita) agem de forma lenta e eficiente. Solos alcalinos (fosfato acido e urina para potássio). Sangue, ossos, estercos e compostos ajudam a neutralizar o pH em qualquer tipo de solo.
Nutrir o solo com minerais orgânicos – evitar fertilizantes sintéticos e/ou solúveis. Sementes podem ser peletizadas e pulverização foliar com biofertilizantes são idéias.
Os resultados serão solos vivos e ricos em biodiversidade, capazes de receber água mais facilmente e conduzi-la para que as plantas se utilizem deste recurso.

Vegetação

As plantas da região, sua densidade e característica sazonais influenciam no microclima – florestas e matas nativas ou vinhas, plantações, arbustos cultivados influenciam no sitio, fazenda ou chácaras. Estas provocam transpiração, transferência de calor, sombreamento, proteção contra ventos, isolamento térmico, além de fornecer inúmeros outros produtos e serviços. Com a transpiração as plantas convertem água em vapor e umedecem o ar em sua volta propiciando melhores condições climáticas para todo o ambiente. Isso apóia a cultura de outras espécies com menos resistência a climas secos. Tal função é semelhante ao suor dos animais que esfriam seu corpo por meio deste. Podemos promover estas atividades com plantas de vários tamanhos de acordo com as necessidades do local, também e inclusive em ambientes internos é possível promover a transpiração e assim climatizar-los.
Com as plantas sombreando um terreno este pode perder até 20% de sua temperatura estando protegido do sol em excesso. Devemos projetar nossas propriedades com plantas de acordo com a necessidade de mais ou menos luz e calor. Vegetação provem madeira para energia, construções e moveis, (esta deve ser maneja com cuidado). Possibilitam a produção de alimento com fontes de néctar para abelhas e de uma forma geral melhora a vida em volta do sitio. A forma como a vegetação cultivada estará disposta na fazenda depende das necessidades e características climáticas do terreno. As espécies da família das leguminosas entre outras operam no solo juntamente com organismos para fixar Nitrogênio. Este em abundância na atmosfera, transfere-se para o solo formando nódulos que vão ajudar outras espécies. Ao trabalharmos com espécies com tais funções estamos facilitando a recuperação da terra e diretamente. De forma positiva estamos interferindo nos processos para favorecer a sucessão ecológica.

Topografia – localização

Topografia se traduz mais simplesmente como sendo a forma da terra ou a maneira como o terreno se mostra através de planaltos, planícies, montanhas, serras, depressões ou outras denominações locais de cada região, significa até que ponto o terreno é plano ou ondulado. Mudar características topográficas na maioria das vezes é caro e altamente impactante e, mesmo as intervenções mais simples devem ser bem pensadas e planejadas para utilizar da melhor maneira possível as dobras do terreno, curvas de nível e outros aspectos.
A topografia do local influência nos microclimas e esta pode ser benéfica dependendo do modo e nível de mudança que causamos no relevo do terreno. Uma terraplenagem em grande escala pode interferir de forma definitiva, ou levar anos para que o local volte a ter sua climatização natural de antes. A própria ciclagem de nutrientes é atrapalhada com terraplenagem extensa – nestes momentos são comuns vemos muita terra orgânica sendo entulhada e desperdiçada. Esta fará falta no momento de plantar no terreno em volta das estruturas. A topografia exerce papel importantíssimo na drenagem do local e podemos utilizar este aspecto para ter plantios mais produtivos e diversificados de acordo com este fluxo, seu ritmo e capacidade. Determina a profundidade dos solos e acesso a estes, também influência no consumo de energia com transporte dentro da propriedade e no próprio ritmo e intensidade de trabalho humano, animal ou mecanizado.

Devemos observar se existem áreas suscetíveis a alagações ou erosão, bem como inclinações, elevações, gargantas ou montes rochosos, todos devem ser estudados e com a imaginação e criatividade do permacultor, estes fatores devem ser utilizados para promover a otimização do terreno. As direções são muito importantes (norte, sul, leste e oeste), influenciam de forma direta nas questões de climatização natural de estruturas.

Estruturas, elementos – intervenções

Já discutimos sobre os posicionamentos dos elementos e as conexões que podem haver ou ser estimuladas entre estes. Além disso, são inúmeros os elementos e as mais variadas funções. Muros, barrancos, treliças, cercas vivas, estufas podem atuar como produtores de alimento e auxiliares na climatização. Açudes e outros elementos armazenadores de água também produzem comida, reciclam nutrientes, fornecem matérias primas para produção de energia e protegem vida silvestre. Parreiras ou caramanchão podem ser construídos ao redor de habitações ou oficinas, podendo assim ser utilizados como área de trabalho ao ar livre, produzir alimentos e para lazer.
Quebra ventos reduzem a velocidade deste e amortecem os efeitos que causam erosão, protegem plantações mais sensíveis, reduzindo perdas com sementes. Estes elementos atuam positivamente sobre a temperatura do ar e do solo aumentando a umidade. Além desses fatores e muitos outros protegem animais de tempestades, frio ou calor em excesso.

Setorização

Até o momento estivemos observando, analisando e buscando compreender inúmeros fatores sob diferentes aspectos visando entender todas as energias externas que tenham influência dentro do local como: luz solar, relevo, ventos, chuvas, riscos de catástrofes como: incêndios, enchentes, poluição atmosférica, chuvas ácidas, estas devido a centros urbanos próximos.
Depois de observarmos as diversas possibilidades de interferência destes fatores, devemos planejar de maneira a utilizarmos tais energias em nosso favor, ou no caso de catástrofes, como nos protegermos delas ou minimizarmos seus efeitos. Para tal realizamos uma divisão da propriedade em setores, no centro deste colocamos nosso sítio, fazenda ou chácara e a partir dele planejamos a nossa volta e em todas as direções. Demarcamos nossos setores de acordo com as informações que coletamos. Exemplos: qual setor tem sol no inverno e no verão, onde estão os ventos predominantes, setor de risco de incêndio, onde podem ter corredeiras em caso de chuvas fortes e assim por diante. Nestes setores estarão nossos elementos, estruturas, plantios, abrigos, casa, acessos entre outros.

Zoneamento

Como vimos os setores são criados com base nas energias externas ao local, já o zoneamento trata das internas, nestes casos tem muita importância as atividades humanas, fluxos de nutrientes e movimento das águas. Devemos pensar e elaborar nosso projeto planejando a menor realização de trabalho possível, bem como o menor consumo de matérias, recursos e energias. Para isso a conexão entre os elementos é determinante. O que cada elemento vai produzir de trabalho, como e onde este produto de tal trabalho será consumido são exemplos do que pensar. A busca por maior eficiência energética possível, deve ser objetivo constante. As distâncias entre cada estrutura ou elemento são muito importantes para determinar resultados satisfatórios e eficientes.
No projeto permacultural definimos seis (06) zonas básicas que dizem respeito a todo sítio e seus elementos. Lembrando sempre que quanto amor a área, maiores serão as necessidade para manutenção.

Zona 0 – Este é o primeiro elemento a ser pensado – nossa casa, o centro do sistema, a partir do qual iniciamos o nosso trabalho, pondo a casa em ordem, esta, bem como a sua volta existem muitos espaços que podem se tornar produtivos. Peitorais de janelas, laterais de parede, o próprio teto (exemplo de telhado vivo). Toda a habitação pode ser planejada ou modificada para que seja mais eficiente na utilização de recursos e na produção de alimento. Além disto, estamos climatizando naturalmente os ambientes internos regulando a temperatura na habitação, além de utilizar os microclimas criados pela existência da própria estrutura.

Zona 1 – Esta compreende a área mais próxima da casa, e de acordo com a necessidade de visitas diárias, é onde colocamos os elementos como: a horta, as ervas culinárias, jardins com policultivo para também produzir alimento, alguns animais de pequeno porte e árvores frutíferas de uso freqüente. Também é onde concentraremos a armazenagem de ferramentas e de alimentos, para utilização em longo prazo. Entendemos que a horta é um elemento essencial da Zona 1, pois funciona como base de sustentação da alimentação da família. Ela poderá ser manejada com o auxílio de animais que façam o trabalho de fertilização e controle de insetos. Nesta zona também incluímos elementos necessários à nossa sobrevivência: água potável, espaço para a produção de composto e uma área de serviço para apoiar a horta e cozinha.

Zona 2 – Esta zona oferece apoio e proteção a primeira e poderá ficar um pouco mais distante da casa, nela estarão elementos que necessitam de manejo freqüente sem a intensidade, porem com menos intensidade que os da zona 1. Frutíferas de médio porte, galinhas e tanques pequenos de aqüicultura poderão fazer parte desta. Outros animais menores como patos, gansos, pombos, coelhos, codornas e outros de acordo com a região e suas características.

Zona 3 – A zona 3 ficará mias distante da zona 0, podendo receber culturas com fins comercias as quais necessitam de espaços maiores, e que dispensam manejos diários. Sistemas de florestas de alimentos também poderão ser implantados. Animais de médio e grande porte, com rodízio de pastagens também são colocados nesta zona, os produtos terão fins geralmente comerciais: frutas, castanhas, cereais e grãos, tanques para peixes, pocilgas entre outros elementos essenciais à diversidade da produção.

Zona 4 – Visitada raramente, nela poderemos incluir a produção de madeiras valiosas, açudes maiores e a produção de espécies silvestres comerciais. Em regiões de floresta, o extrativismo sustentável e o manejo florestal também poderão fazer parte desta Zona, bem como a recriação de florestas de alimentos em regiões que foram desmatadas.

Zona 5 – Esta zona servira com objeto de pesquisa e só entraremos para aprender ou para uma coleta ocasional de sementes. É onde não interferimos, permitindo, assim, que exista o desenvolvimento natural da floresta. Sem esta Zona ficamos sem referência para a compreensão dos processos que tentamos incluir nas outras zonas.

É importante incluir elementos de armazenamento e captação de água e nutrientes em todas as zonas, a partir do ponto mais elevado da propriedade.

 

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