Agora vem a melhor parte.
Aquela em terei o prazer de lhe dizer que você não vai ser um pobre infeliz, tornando-se vegetariano – um asceta comedor de folinhas de alface e cenouras cruas. (E as proteínas? E as proteínas ???).
E tu terás por sustento as ervas da Terra.
Gênese 3:18
Pois bem – as proteínas. Só o que a carne possui, já que ela é um deserto de vitaminas e sais minerais.(Em ferro e cálcio, perde longe para a maioria dos vegetais.) Pois saiba, caro companheiro herbívoro, que:
Os feijões e seus primos – Soja, lentilha, ervilha e grão-de-bico, contêm mais proteínas por peso que as carnes! E mais cálcio de ferro! Cem gramas de feijão preto, lentilha ou soja, por exemplo, contêm mais proteína que cem gramas de carne. O mesmo para o amendoim, o requeijão, o levedo de cerveja, o germe de trigo e o pão integral! E a aveia, o arroz integral, as nozes e suas primas, o leite, os ovos, e diversos outros alimentos são ricos em proteínas. Até brócolis e batata, entre outros vegetais, embora em menor proporção.
Ou seja: se você comer diariamente uma porção de feijão ou um de seus primos, algo de soja, ou um pouco de germe de trigo ou amendoim (creme de amendoim é uma delícia!) já resolveu sua proteína.
A soja é um festival de proteínas boas e baratas. A “proteína de soja”, em flocos, faz pratos deliciosos. Como? Você já provou e achou horrível Garanto-lhe que foi mal feita! A base para uma proteína irresistível é um reles detalhe que vou revelar-lhe: O pequeno segredo da proteína de soja gostosa é: ao contrário do que diz a embalagem, não a hidrate em água antes de usar. Ela fica “aguada” e meio sem graça. Hidrate colocando diretamente no molho – um caprichado molho, de tomate com cebola e temperinhos, e/ ou cebola com shoyo. O molho de soja – o shoyo – dá um belo sabor e uma cor caprichada (em pequena dose!).
A soja contêm isoflavonas – fitormônios que têm uma estrutura química semelhante à do estrogênio, hormônio sexual feminino. É portanto, um “repositor hormonal”, sem efeitos colaterais, e eficiente. Além da soja, o inhame produz esse efeito. Com ela, você terá centenas de opções, como patéis, croquetes, lasanhas, bolinhos, cheeseburger, guisadinho com vegetal, arroz e carreteiro… e tudo mais.
A soja em grão se presta para saladas, sopas etc.
O queijo de soja, o tofú, é a proteína mais “nobre” da soja. Parece queijo de minas. Com mel ou geléia, ou com sal, ou em patês, ou receitas deliciosa.
O leite de soja é um achado. Além de ser usado em receitas, pode substituir com vantagem o leite de vaca. (Reflita: o homem é o único mamífero que continua tomando leite depois de desmamado. Parece natural isso? Não. O leite produz muco(atenção, turma da rinite, da asma e cia), e o consumo de leite causa ou acentua a depressão!) Para mulheres na menopausa, é um achado: as isoflavonas da soja previne a osteoporose, o colesterol alto, os sintomas calóricos. Uma tranquilidade.
Não se atire em excesso de ovos, queijo, manteiga e leite, com receio de “enfraquecer” sem a carne. Se você mantiver uma dieta equilibrada, com cereais, verduras, e frutas, isso jamais acontecerá. Não é necessário abandonar os laticínios e os ovos de saída. Mas procure ovos caseiros, de galinhas criadas soltas, com milho (em lugares que vendem produtos orgânicos).
Guardei a declaração de um nutricionista, que me parece lapidar:
O prato comum do brasileiro, de feijão com arroz, se este for integral, já é uma refeição quase perfeita, com nutrientes básicos necessários. É só acrescentar verduras e ai está a refeição ideal.
Portanto, relaxe. Feijão com arroz integral – e deu para a proteína.
A propósito: a base de uma alimentação sadia deveriam ser cereais integrais. A base. Isso quer dizer, uns 60 por cento, mais ou menos. Arroz, trigo, centeio,cevada, aveia etc. Eles contêm proteínas, fibras, montes de vitaminas e sais minerais. (Experimente macarrão de trigo integral, de vários formatos).
Afinal, o que é um cereal integral? É exatamente um cereal – aquilo que a Mãe Natureza criou para nós: uma pequena urna cheia de nutrientes. Aí, vem o homo-dito-sapiens (homo-stupidus seria mais correto) e faz o quê? Tira as camadas externas do cereal – o chamado polimento – justamente as que contêm as proteínas, sais minerais e vitaminas em quantidade. Deixa a parte interna, que é quase só amido (engorda e pouco alimenta), jogando fora a porção nobre do cereal. Burrice é pouco para qualificar isso.
Aveia é um cereal fantástico. Use ao natural, com frutas,iogurte, etc, e em receitas – biscoitos, bolos, tortas salgadas. Uma criança criada com mingau de aveia adoçado com mel é um dínamo de saúde.
E finalmente, uma informação consoladora para novos (e velhos) vegetarianos: há uma alternativa de produtos – “carnes” vegetais – em formatos e aspectos próprios para substituir a carne, que permitem uma culinária prática e sem grandes traumas saudosistas. (“Ah! Um bifinho à milanesa! Uma carne acebolada! Um churrasquinho! Um cachorro-quente!”).
Refiro-me à linha de produtos marca “Superbom”, em latinhas (sem conservantes) intituladas “Carne Vegetal”, “Bife Vegetal” e “Salsicha Vegetal”, à base de gluten de trigo. O “Bife vem em rodelas, e com ele se faz a carne de panela, bife à milanesa, strogonoff, churrasco, e dezenas, centenas de variações. A “carne” é um guisadinho. E a salsicha – bem, é uma salsicha escrita. Onde se encontram? Nos bons supermercados, geralmente na prateleira dos “dietéticos” (mas nem sempre: pode ser na vizinhança da salsicha comum e das sardinhas). E em alguns armazéns de produtos naturais. (Não, não é marquetingue: eles nem sabem que eu existo).
E conclua: só não é vegetariano e feliz quem não quiser.
Ah! Você desejaria abandonar a carne, mas acha tão difícil… Que fazer?
Há uma receita infalível, com dois itens.
Primeiro: leia o capítulo inicial de Fisiologia da Alma, de Ramatís.
Segundo: vá por partes. Primeiro corte a carne suína. Depois de algum tempo, decida cortar a carne bovina. Também gradualmente – diminuindo os dias da semana, instituindo o “dia do peixe”, e um “dia da carne” – introduza as carnes vegetai, por exemplo. Dê-se um tempo; e livre-se depois das aves. Esse é o grande marco de sua liberdade.
Se chegar a “só peixe”, parabéns. Se precisar ficar por aí algum tempo, já pode respirar aliviado. Há uma distância que separa o animal bem individualizado – o mamífero, a ave – do peixe, que obedece ao comando de uma alma-grupo. (O que não significa que não sinta dor, não sofra. Se até os vegetais sentem!).
Tem gente, porém, que nem titubeia: encerra de repente, e de uma só vez, o capítulo carnívoro de sua vida. Sem sentir saudades. Sem recaídas.
Se você recair, não se desespere: retorne devagar e recomece.
Mas o dia chegará, e lhe desejo de todo coração, em que você estará liberto do condicionamento milenar, liberto da escravidão do hábito, livre do peso da crueldade.
Sua saúde vai melhorar, sua disposição e seu astral idem. Sua concentração, sua meditação, sua pele, suas articulações, rins, fígado, intestinos, e até (conheço casos!) dores de coluna vão melhorar/curar-se. Seu equilíbrio interior vai insensivelmente mudar – para melhor. Você estará mais leve, mais tranqüilo, mais pacífico – e provavelmente mais próximo do peso ideal. E muito, muito mais longe dos achaques da velice, da esclerose e da senilidade.
Um dia chegará, em que você vai sentar num gramado verde, olhar o céu, as árvores, os insetinhos nas folhas, ouvindo as cigarras e os pássaros, sentindo na pele o abraço do sol, vendo uma lagartinha que avança devagar num talo de grama, e lá em cima uma asa preguiçosa que plana no silêncio; estendendo a mão, vai sentir o dorso da pedra aquecida, a maciez da grama; vai pressentir, ao seu redor, os milhares de pequenas que se abrigam no regaço da Grande Mãe – e você vai sorrir, sabendo que pode se sentir, como se sente, irmão de todos eles – um Filho Universo.
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